quinta-feira, 4 de junho de 2015

Explicando o inexplicável

Taymara tendo uma convulsão atrás da outra. Sim, já sabíamos lidar com a situação mas após horas cansativas e tristes, quando voltou a si, desta vez, Taymara reclamou de dor. Isso nunca havia acontecido antes, pois como já explicamos anteriormente ela não sente dores periféricas, devido ao HSAN. Pergunto eu: "Dor aonde minha filha, normalmente você não se queixa de dores após as convulsões? "Taymara muito fragilizada aponta para as costelas. Eu digo então: "Ah Taymara deixa de estória, você não tem dor, é a única coisa que você não tem". E ela responde: "Mamãe esta doendo muito". Eu me fazendo de durona digo: "Sem novidades vai. Estamos cansadas". 
Aos poucos fui notando que ela estava com dificuldades respiratórias, mas sua oxigenação estava normal. Perguntei novamente: "O que foi?" E ela disse: "Não consigo respirar. Quando respiro a dor fica insuportável". Fomos até o Pronto Socorro fazer um exame de raio-x. Chegamos ao PS com ela convulsionando. Após muita confusão finalmente fizemos o exame. Com o resultado em mãos o medico vira para mim e diz: "O que  é essa coisa enorme dentro dela?" Eu respondo: "Nada demais. Ela engoliu o meu celular de mil novecentos e lá vai bolinha." O doutor espantado com a resposta diz: "ahn!! O que?". Sem pestanejar levantei, catei o raio-x que estava em cima da mesa e saímos andando. Já no corredor o segurança do hospital me pega pelo braço. Eu indago: "Por que isso?" Nisto vejo o médico vindo novamente em nossa direção dizendo: "A senhora não tem educação, não pode fazer isso". Eu digo: "ah, posso sim. Não tenho educação. Mas sei muito bem diferenciar um marca-passo cardíaco de um celular. Então não nos perturbe senão irei direto ao conselho regional de medicina". Saímos andando sem olhar para trás.
Ao chegar em casa comparei o raio-x novo com um outro antigo e percebi que houve um deslocamento do marca-passo que agora estava pressionando uma das costelas. Esse era o motivo das dores. Entro em contato com o cardiologista da Taymara e descubro que ele está de férias. Fico desconcertada e acabo ligando para minha fiel escudeira, Cristiane. Ao contar o fato ela me dá uma luz dizendo: "Pata, só vejo uma solução, vamos levá-la para o HCOR em São Paulo, no cardiologista que operou o meu pai."
Ela conseguiu a consulta de emergência e lá fomos nós. Ao entrarmos no consultório, o doutor foi bastante atencioso com a Cristiane, os dois conversaram bastante, enquanto isso, Taymara estava em pé por mais de 5 minutos na mesma posição o que, por causa do HSAN, pode leva-lá a desmaiar. O médico pergunta: "E ai meninas quem é a paciente?" Apontamos para Taymara e ele pergunta o que ela tem, respondemos: "HSAN". Ele pergunta: "O que?" Nós rimos e ele bravo pediu para Taymara deitar na maca. Tarde demais. Taymara caiu convulsionando e com parada respiratória. O médico começou a gritar muito enquanto isso eu e a Cristiane tentávamos fazer os procedimentos para reanima-lá. Em meio a todo esse desespero o doutor pega o telefone e liga pedindo pela ajuda de outros médicos e pela presença dos seguranças. Enfurecido ele diz: "Essas duas malucas, pelo visto andam com essa menina deste jeito para cima e para baixo. Não percebem que ela pode morrer a qualquer momento." Os médicos cuidavam de Taymara enquanto eu e Cristiane tentávamos explicar ao cardiologista o inexplicável. Fomos conduzidas pelos seguranças à ala de internação, eu, totalmente desesperada, pois fomos simplesmente para uma consulta comum. Foi tudo muito triste e repentino. Este é o primeiro episódio que mais à frente iria culminar na traqueostomia.

Taymara (ainda sem traqueostomia) indo a uma festa com seu irmão Felipe

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